sexta-feira, 19 de agosto de 2011

O inimigo viaja ao lado

 

Meu primeiro contato com um DJ de Buzu – aquele ser insuportável que se acha no direito de impor a você o próprio (quase sempre péssimo) gosto musical – se deu no último verão. Por força das circunstâncias, esse foi um período em que andar de ônibus deixou de ser uma situação esporádica para entrar na minha rotina diária. Morando na Ilha de Vera Cruz e trabalhando aqui em Salvador, deixava o carro do outro lado da Baía de Todos os Santos. Mas eu não reclamava. Depois de 50 minutos num ferryboat, 15 minutos numbus era café pequeno. Isso, até o dia que tive a infelicidade de sentar ao lado de um daqueles inconvenientes de plantão.
Estava eu viajando na leitura do delicioso “A Nuvem” de Sebastião Nery, quando sou trazida bruscamente à terra. Inicialmente, não entendi o que era aquele som de má qualidade, parecendo vir de um radinho de pilha. Procuro ao redor e não consigo ver de onde vem o ruído. É quando um balançar de corpo (dança?) denuncia o infrator, um rapaz de seus 19 anos, de pé, no corredor, a dois bancos de onde estou. Tento decifrar a música, mas não consigo. Tenho que admitir: sou uma nulidade no quesito novíssima música baiana. Só ouvia chiado de rádio transistor, som de percussão e, de vez em quando, alguns acordes desconexos. Ah, uma ou outra frase da música me chegava entrecortada e tinha a ver com os super-heróis Mulher Maravilha e Superman. Olho ao redor como a implorar apoio, mas os companheiros de viagem parecem estar de acordo com aquela agressão aos meus ouvidos. Leia mais: CLIQUE AQUI



Jaciara Santos (jaciara@aqueimaroupa.com.br) é sergipana de Aracaju, mas atua como jornalista profissional em Salvador-BA, já há quase três décadas

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